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O ouro não vai disparar, mas tende a subir, afirma Luis Stuhlberger

Ao participar do Safra Trends 2023, o sócio-fundador da gestora Verde Asset analisou as mudanças geopolíticas e o impacto no mundo dos investimentos

Safra Tends

“O ouro é uma reserva de valor importante, por poder ser transportado fisicamente”, afirmou. o gestor | Foto: Reprodução

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, um dos gestores mais renomados do Brasil, recomenda o investimento em ouro, ativo que, segundo ele, vem ganhando atenção de investidores no mundo inteiro por fatores geopolíticos. Ao participar o Safra Trends 2023, promovido pelo Banco Safra, ele explicou os fatores que estão mudando o cenário para os investimentos, levando à valorização do ouro. Com a guerra na Ucrânia, o ouro voltou a ganhar importância e os bancos centrais voltaram a comprar.

“O ouro é uma reserva de valor importante, por poder ser transportado fisicamente”, afirmou. “Hoje carrego posições de ouro e petróleo”, comentou, lembrando que passou os anos 80 investindo no metal, pois era o único ativo no Brasil realmente cotado em dólar.

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“O ouro não vai disparar, mas tende a subir neste contexto atual, já que os títulos de economias importantes não valem mais quanto antigamente, e tende a se valorizar com o aumento dos juros nos Estados Unidos”, explica.

Segundo o gestor, os mercados vivem um momento de certo pânico com a possibilidade de juros e recessão nos Estados Unidos. “Até agora as consequências são brandas, mas o que o mercado está começando a precificar é a recessão do ano que vem. “A renda fixa, que estava abandonada com juros negativos ou extremamente baixos, agora volta a render até 5% ao ano”, comenta. Isso já provoca uma migração para a renda fixa, ainda lenta, segundo Stuhlberger.

Luis Stuhlberger analisa o cenário da economia no novo governo

Sobre o cenário para a economia brasileira a partir de 2023, ele manifestou temor em relação aos gastos públicos com a posse de Luís Inácio Lula da Silva. Ele acredita que o investimento estrangeiro virá de qualquer forma. A isenção do ICMS para combustíveis não deve ser renovada, o que vai melhorar a arrecadação federal, mas terá impacto nos combustíveis, criando um problema para os caminhoneiros e o setor de transportes.

Ele comentou que o novo governo encontra o BNDES, Caixa, BB e Petrobras saneados, e isso representa uma grande possibilidade de ampliação do crédito. Ele comenta que a Petrobras deve ter um papel importante na transição energética.

“Minha recomendação neste momento ainda é de cautela”, afirma o gestor. Outra tendência geopolítica analisada pelo gestor é que os EUA e Europa vão tentar reduzir a dependência da China. Essa é uma tendência para os próximos dez anos. Os EUA vão tentar diversificar a produção deles para outros países, especialmente Índia e México, mas o Brasil pode se beneficiar de melhorar sua competitividade.

Para a China, o maior desafio hoje é o demográfico. “Hoje a demografia chinesa está desesperadamente ruim, tendo piorado após a pandemia. O crescimento demográfico tende a diminuir, o que cria um problema para o mercado imobiliário”, comenta. “O governo da China sempre agiu para enfrentar todas as crises imobiliárias, mas isso tem um limite, e no prazo de cinco anos isso pode se esgotar”.

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