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O papel do sistema bancário foi realçado na pandemia

Apoio às empresas e população representou a concessão de R$ 7,5 trilhões em empréstimos, com R$ 1,1 trilhão em renegociação de dívida; tecnologia bancária fez diferença

Sistema financeiro

O nível de bancarização da população brasileira, que já era de 85% em 2019, pulou para 96% em 2021 | Foto: Getty Images

A pandemia do coronavírus pegou o mundo despreparado, sem uma real estratégia sanitária, mas o impacto na vida das pessoas foi atenuado principalmente pela resposta financeira aos desafios que logo se mostraram enormes. Enquanto a vacina não veio, a única forma de diminuir um pouco a propagação da doença foi o “lockdown”, que representou a paralização imediata e profunda de muitas atividades econômicas. Uma paralização assim tende a ter um efeito dominó catastrófico sobre a economia, porque cada obrigação que não é cumprida ou pagamento que não é feito gera uma cascata de novas quebras de compromissos que pode destruir o funcionamento de todos os setores da economia. O crédito faz grande diferença nessa hora.

Apesar de ter sido muito difícil controlar o número de doentes e de óbitos, que já estão perto de 0.7 milhão de pessoas, a economia brasileira, e do mundo não entrou em colapso. Apesar de muitas pessoas terem perdido o emprego e negócios baixarem suas portas, o abastecimento se manteve e, quando o isolamento social começou a ser relaxado, verificou-se que o tecido econômico continuava em grande medida saudável.

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O sistema financeiro brasileiro teve um papel essencial na capacidade de superar a crise da pandemia, mostrando mais uma vez a importância que ele tem em irrigar a economia e lubrificar as engrenagens do setor produtivo. O papel central e inovador do setor bancário brasileiro vem desde a informatização dos bancos, nos anos 1980, passando pela expansão do crédito, especialmente para as famílias, desde a estabilização da moeda. E por facilitar os pagamentos entre pessoas e empresas com rapidez, segurança e na maior parte dos casos baixo custo.

Socorro de crédito na pandemia reafirma importância do sistema financeiro

A sustentação do crédito e sua expansão sem precedentes em socorro a pessoas físicas e jurídicas, a ampliação do volume de contas e da prestação de serviços online para os cidadãos de várias camadas durante a pandemia apenas reafirmaram mais uma vez que o sistema bancário brasileiro está presente quando a sociedade, a população, necessita dele. Ele consegue estar presente sem deixar de ser robusto, condição necessária para ele poder resistir a todos os choques macroeconômicos que já atingiram o país.

Desde marco de 2020 os bancos brasileiros concederam um total de R$ 7,5 trilhões em empréstimos, equivalente a ¾ do PIB brasileiro. Parte importante desses novos empréstimos foram repactuações para quem não podia pagar por causa da covid: foram quase 19 milhões de repactuações de empréstimos, ou seja, R$ 1,1 trilhão que deixou de ter que ser devolvido durante a pandemia. Esse valor significa 30% da carteira total de crédito dos bancos brasileiros, que foram rolados em condições especiais.

Com a gradual superação da covid depois que começou a vacinação da população brasileira, o mercado de crédito também começou a voltar à normalidade. Com a rápida recuperação da economia brasileira auxiliada a partir da segunda metade de 2020, o desempenho do setor melhorou. A taxa de juros ainda baixa e a economia rodando melhor contribuíram para a taxa de inadimplência se manter baixa, reduzindo a necessidade de os bancos separarem dinheiro para cobrir perdas com seus empréstimos.

A tecnologia bancária fez a grande diferença no momento em que o mundo teve que ir para a “dimensão virtual”, quando as agências bancárias fecharam por razões sanitárias, mas as pessoas continuavam tendo que pagar por suas compras. Os brasileiros bancarizados, que já passam de 164 milhões, tiveram durante esse tempo novas experiências de serviços, com segurança e flexibilidade. O nível de bancarização da população brasileira que já era de 85% em 2019 pulou para 96% em 2021, segundo dados do Banco Central. Ou seja, praticamente toda a população de todas as idades e renda já usa os bancos para resolver seus problemas de pagamento, poupança, crédito e tudo aquilo que permite as pessoas terem mais controle sobre suas vidas.

Essa alta de 11 pontos percentuais na bancarização ocorreu no meio da pandemia sem que houvesse nenhum problema relevante, mostrando como o investimento dos bancos em aumentar sua infraestrutura de dados e serviços tem valido a pena. É o investimento que dá confiança às pessoas de saberem que o cartão ou o caixa automático não vão falhar quando são necessários, e que os boletos vão ser lidos com segurança e o dinheiro vai chegar aonde precisa sem atraso.

Os quase dois anos de pandemia não mudaram apenas os hábitos pessoais e os cuidados das pessoas em relação à exposição, aglomerações, uso de máscaras e álcool gel. O comportamento do consumidor de banco se transformou. O cliente passou a fazer mais transações bancárias pelos canais eletrônicos e o home office ajudou as pessoas a conhecerem as potencialidades das operações bancárias online. Das 103 bilhões de transações bancárias em 2021, por exemplo, 67% foram realizadas pela internet por meio de computadores ou pelo celular.

O sistema financeiro foi além da qualidade e disposição para atender o tomador de crédito, o investidor, e os seus clientes nos diferentes serviços que elas e eles precisam no dia a dia. O sistema financeiro também aumentou seu engajamento filantrópico, com doações de milhões de reais, em geral de maneira discreta, e sempre apoiando as melhores instituições que trabalham em favor dos mais jovens, velhos, mães em dificuldade ou deficientes, ajudando a todos a vencerem o enorme choque que foi a pandemia. Ele também apoiou governos a acelerarem a produção das vacinas que salvaram tantas vidas a partir de 2021.

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