Mercado de trabalho nos EUA volta a surpreender e reduz chance de corte de juros

O mercado de trabalho abriu 216 mil empregos em dezembro, número bem acima da previsão de 170 mil dos economistas. Além disso, o crescimento salarial mensal e anual superaram por 0,1 ponto percentual (p.p.) o que o mercado esperava, e a taxa de desemprego ficou ligeiramente abaixo do estimado.

Os dados sugerem que o mercado de trabalho segue aquecido e que a política monetária do Federal Reserve (Fed) poderia continuar restritiva por mais tempo para reduzir a inflação à meta de 2% de forma sustentável. No entanto, as estimativas de outubro e novembro do “payroll” foram revisadas para baixo e retiraram 71 mil postos de trabalho da economia americana, provocando uma reavaliação do mercado sobre o indicador de hoje.

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A pesquisa do CME indica que a chance de o Federal Reserve manter juros na reunião do dia 31 subiu a 97,4% após payroll forte. A chance de corte das taxas caiu a 2,6%. Para a reunião de março, a pesquisa indica chence de 44,8% de manutenção dos juros nos níveis atuais, e 53,8% de chance de corte de 25 pontos.

E não foram apenas as revisões dos relatórios passados que aliviaram os investidores. Paul Ashworth, economista-chefe para América do Norte da Capital Economics, destaca que boa parte das contratações vieram de setores não-cíclicos, enquanto os empregos temporários caíram em 33 mil, o que sinaliza enfraquecimento da atividade econômica.

Mercado de trabalho melhor que o previsto reduz chance de corte de juros

De qualquer forma, a surpresa positiva de dezembro reduz a chance de um corte de juros ainda no primeiro trimestre, como o mercado atualmente projeta, diz Sávio Barbosa, economista-chefe da Kinitro Capital. Os dados de inflação mais benignos, porém, deixam caminho aberto para uma redução dos Fed funds na primeira metade de 2024.

Já Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, entende que os dados do “payroll” não mudam o cenário para a economia dos Estados Unidos de forma significativa. “Trajetórias de desaceleração gradual da atividade não costumam ser lineares. Oscilações em torno da tendência vão acontecer; e não deveriam ser motivo para perder a calma”, argumenta.

Bolsas reagem ao payroll robusto