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Bancos elevam projeções para o PIB 2023 após surpresa positiva com indicador do Banco Central

Índice de atividade divulgado pelo Banco Central reforça otimismo com a economia e bancos começam a rever PIB de 2023 para cima

Porto de Santos

Após a divulgação do IBC-Br, na sexta-feira, os bancos Santander, Bradesco e ABC Brasil elevaram previsões para o PIB | Foto: Getty Images

A economia mostrou forte crescimento em janeiro e fevereiro, o que já leva alguns bancos a reverem para cima suas projeções de crescimento. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) veio acima do esperado pelo mercado na sexta-feira. O indicador considerado uma prévia do PIB avançou 3,32%, na série livre de efeitos sazonais.

Esse indicador reforçou o otimismo do mercado, após sinais de desaceleração da inflação e expectativa de corte dos juros nos próximos meses, leva alguns bancos a revisar para cima suas projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023. Na sexta-feira, após a divulgação do indicador do Banco Central, os bancos Santander, Bradesco e ABC Brasil mudaram suas previsões para o crescimento do Brasil no ano. O Bradesco é o mais otimista, passando sua projeção de 1,5% para 1,8%.

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De janeiro para fevereiro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 142,75 pontos para 147,49 pontos na série dessazonalizada, o maior nível desde março de 2014 (147,79 pontos), conforme a série histórica iniciada em 2003.

O resultado surpreendeu ao ficar bastante acima do intervalo de estimativas do mercado financeiro, que giravam em torno de 0,15% a 2%, com mediana positiva de 1,1%. O IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do Banco Central para a atividade doméstica em 2023 é de crescimento de 1,2%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.

Banco Safra espera corte da taxa Selic a partir de junho

A projeção de maior crescimento é acompanhada da previsão de início do ciclo de corte dos juros. Na próxima quarta-feira, o Copom fará o anúncio da taxa Selic que vigorará nos próximos 45 dias. O Banco Safra espera a manutenção dos juros no patamar de 13,75%. Nas próximas reuniões, o Safra acredita que o Banco Central deve iniciar o corte na taxa de juros, levando a taxa Selic para 11,25% até o final do ano.

O crescimento acima do esperado do IBC-Br em fevereiro foi puxado pelo bom desempenho do setor de serviços no mês, avalia o economista do Banco Original Igor Cadilhac: “Já tínhamos uma projeção bem otimista, de crescimento de 1,9% para o IBC-Br, mas veio ainda mais forte.”

“Dentro dos serviços, o destaque foram os serviços ligados ao transporte, impulsionados pelo bom desempenho do setor agropecuário, com safras recordes, e uma necessidade maior de transporte dessa produção”, disse.

Assim, de acordo com Cadilhac, o Original deve revisar para cima a projeção de crescimento de 0,4% para o PIB no primeiro trimestre do ano. Para o ano de 2023 como um todo, a estimativa, por ora, está mantida em avanço de 0,7%.

A alta do IBC-Br superou de forma “muito significativa” as expectativas do mercado, afirma o Goldman Sachs. Apesar da surpresa positiva no mês, o banco destaca que a atividade econômica do Brasil enfrentará ventos contrários após o primeiro trimestre.

Governo também deve elevar projeção do crescimento do PIB em 2023

Após a divulgação do indicador do Banco Central, em conversa com jornalistas em São Paulo na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica pretende melhorar as estimativas para este ano.

“A maioria estava apostando em um crescimento inferior a 1%, e hoje praticamente todo o mercado está apostando numa taxa de crescimento muito superior à que estava sendo estimada. Alguns bancos já estão projetando perto de 2% de crescimento. Nós mesmos, da Fazenda, estamos pensando em reestimar para mais a expectativa de crescimento para o ano de 2023”, afirmou Haddad.

O ministro citou o relatório do Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco, que melhorou sua projeção para este ano, de 1,5% para 1,8%. Pela análise do banco, houve surpresas com o crescimento da economia.

O comércio varejista ampliado, que inclui as vendas de automóveis, subiu 1,7% em fevereiro, enquanto a receita do setor de serviços subiu 1,1%. No mercado de trabalho, houve geração de 195 mil vagas com carteira assinada em março.

“Os números corroboram a nossa leitura de avanço do PIB em cerca de 1,3% no 1º trimestre, com influência do setor agrícola, mas também números positivos de outras atividades. Seguimos esperando acomodação da atividade econômica à frente, refletindo o aperto monetário em vigor. Revisamos nossa expectativa de crescimento do ano, de 1,5% para 1,8%”, afirmou o banco em relatório a clientes.

O crescimento de 3,32% do IBC-Br em fevereiro em relação ao mês anterior mostrou dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto).

Foi a taxa de expansão mais elevada desde junho de 2020 (+4,86%), na sequência das quedas intensas provocadas pelas paralisações devido à pandemia de Covid-19.

Bancos elevam projeções de crescimento do PIB em 2023

Em relatório, o Departamento Econômico do Bradesco, comandado por Fernando Honorato, afirma que o mercado de trabalho continua aquecido, o que deve sustentar a renda e o consumo das famílias em 2023. “Ao mesmo tempo, o PIB agropecuário deve ser ainda mais forte do que prevíamos anteriormente”, afirma o Bradesco.

O Santander Brasil colocou em revisão a projeção de crescimento do PIB no primeiro trimestre, atualmente em 0,5% ante o último trimestre de 2022. Para todo o ano de 2023, a previsão é de 0,8%.

Para o Bradesco, um ponto que pode auxiliar a economia é o câmbio, principalmente no controle da inflação. “Apesar da revisão positiva do PIB neste ano, mantivemos nossa projeção para o IPCA em 6,2% para 2023 e 4% para 2024”, diz o relatório do banco.

Quanto aos juros, o Bradesco acredita que paira, neste momento, uma incerteza sobre a meta de inflação, tema que deve ser discutido na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)) de junho.

“Resolvido o impasse, acreditamos que a distância do Focus em relação à meta irá se reduzir, abrindo espaço para algum afrouxamento da política monetária no segundo semestre. Portanto, por ora, mantemos nossa expectativa de que a Selic encerre o ano em 12,25%”, diz o informe do Bradesco.

O banco ABC Brasil também revisou sua projeção de crescimento do PIB em 2023, de 0,1% para 1%. A projeção do banco para o IBC-Br de fevereiro era de crescimento de 1,5%. (Com AE)

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