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Queda no preço das commodities ajuda a conter inflação global

Recuo de preços dos produtos e matérias-primas é explicado pela aparente desaceleração do crescimento nas principais economias

Aérea de porto com destaque para navio cargueiro com contêineres, alusivo às commodities

Por outro lado, redução do preço das commodities prejudicará o saldo comercial dos países exportadores desses produtos e, consequentemente, suas moedas tendem a desvalorizar | Foto: Getty Images

A redução dos estímulos fiscais e o ciclo de aumento da taxa de juros em vários países deverão arrefecer o consumo das famílias e o investimento das empresas ao longo dos próximos trimestres.

Além disso, o aperto da política monetária somado a alguns choques de oferta e baixa nos preços das matérias-primas devem segurar a escalada da inflação, que tem sido o grande desafio de diversos países. As projeções estão em relatório sobre o cenário macroeconômico divulgado pelo Banco Safra.

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Conforme a análise, nos Estados Unidos, o fim dos estímulos fiscais desde o início desse ano já tem prejudicado o poder de compra das famílias. Enquanto a massa salarial nominal expandiu 10,1% nos últimos 12 meses, a renda disponível nominal avançou apenas 2,8% no mesmo período.

Descontando a elevada inflação, a renda disponível real caiu 3,4% em doze meses, ou seja, houve redução do poder de compra pessoal.

Dessa forma, o consumo das famílias começou a apresentar os primeiros indícios de arrefecimento nos últimos meses, que será reforçado pelo aperto da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e, consequentemente, deverá prejudicar a receita das empresas.

Por outro lado, os custos de produção aumentaram substancialmente no último ano, com a elevação dos salários em 5,1% e o aumento dos preços ao produtor em 16,7%.

Nesse ambiente, a confiança dos empresários começou a deteriorar e as novas encomendas de produtos manufaturados diminuíram no mês passado.

Sendo assim, o Safra reiterou a projeção de crescimento do PIB estadunidense a preços constantes de apenas 0,5% em 2023, abaixo do consenso em torno de 1,6%.

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Na Zona do Euro, os efeitos do conflito no leste europeu, especialmente o risco de desabastecimento de gás natural, reduziram substancialmente a confiança dos empresários, o que prejudicará a demanda por mão de obra e as condições do mercado de trabalho.

A confiança dos consumidores também tem deteriorado e retornou para patamar semelhante do ocorrido no auge da pandemia. A atividade da região deverá desaquecer nos próximos meses. 

Na China, a atividade deverá ser beneficiada no curto prazo pela redução das medidas de isolamento social. Olhando para o médio prazo, não vislumbramos uma aceleração relevante do consumo das famílias e nem dos investimentos.

Commodities

No caso do setor imobiliário, o preço das residências continua em queda e não deve atrair volumosos recursos para novos projetos.

Dessa forma, o Safra vê a economia mundial desaquecendo. Nesse novo ambiente, a demanda por commodities metálicas utilizadas na produção de bens industrializados e insumos para a construção civil deverá recuar nos próximos meses.

O preço do cobre já caiu cerca de 25% nos últimos três meses, o que segundo o banco é historicamente coincidente com redução das encomendas de produtos manufaturados.

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A redução do preço das commodities por um período prolongado prejudicará o saldo comercial dos países exportadores desses produtos e, consequentemente, suas moedas tendem a desvalorizar.

O Peso chileno (CLP) já depreciou cerca de 17% nos últimos 30 dias. Por outro lado, a redução do preço das commodities ajudará a conter o processo inflacionário mundial, especialmente nos bens industrializados, diz o Safra

Enfim, o aperto da política fiscal e monetária, e alguns choques de oferta, começam a desaquecer a demanda mundial, com reflexos nos preços das matérias-primas, que ajudam a reduzir a inflação no médio prazo. Esse é um dos tradicionais canais de transmissão da política econômica.

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