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Rede D’Or tem resultados mais fracos do que o mercado esperava

Segundo o Safra, as recentes aquisições pressionaram o ticket médio da companhia e isso pode ter afetado os resultados da companhia

Atendimento hospitalar

Segundo o Safra, o desempenho do ticket médio e margens sustentáveis após a consolidação de todas as aquisições é um ponto crucial daqui para frente | Foto: Getty Images

A Rede D’Or (RDOR3) apresentou números operacionais mais fracos do que o esperado no primeiro trimestre deste ano, com um ticket médio aquém da projeção do Banco Safra e impactando negativamente o faturamento e as margens. Segundo o banco, o lucro por ação (LPA) de R$ 0,13 ficou 14% acima da estimativa e 13% menor que o consenso do mercado.

Segundo o Safra, as recentes aquisições pressionaram o ticket médio e levaram a operações menos eficientes quando comparadas aos negócios mais maduros da RDOR. Com isso, aponta o banco, os ganhos de eficiência deverão ser capturados à medida em que esses novos hospitais forem integrados à companhia.

Saiba mais

A estrutura de custos mais alta associada à covid deve diminuir gradualmente nos próximos trimestres. No entanto, conforme o Safra, o desempenho do ticket médio e margens sustentáveis após a consolidação de todas as aquisições recentes (e futuras) é um ponto crucial daqui para frente.

O Safra mantém o rating de compra, pois as ações devem ser negociadas no P/L pró-forma de 25x para 2022 e 16x para 2023 após a consolidação da SulAmérica, o que parece bastante atraente para uma ação de alta qualidade, líder de crescimento com bastante oportunidades de curto prazo.

A receita líquida ficou 5% acima do trimestre e 3% abaixo das estimativas do banco. A Rede D’Or registrou receita líquida de R$ 5.373 milhões, 14% superior ao primeiro trimestre, impulsionada pela consolidação de aquisições e novos leitos abertos organicamente nos últimos 12 meses, levando a uma melhora nos dias de pacientes de 16% no período, para 643 mil de janeiro a março.

Segundo o Safra, houve um aumento de 4% no comparativo trimestral no número de leitos totais para 11.012, enquanto o ticket médio ficou em 4% inferior no comparativo anual e e estável ante o quarto trimestre e 6% abaixo das etimativas do Safra, devido a um mix menos complexo de pacientes e à consolidação de aquisições. Os casos de covid contribuíram para o crescimento no trimestre, embora em menor proporção em relação às ondas anteriores.

Os procedimentos eletivos continuaram crescendo, sendo uma alta de 49% em procedimentos cirúrgicos no comparativo anual, resultando em uma taxa de ocupação de 78,1% (110bps acima das estimativas do Safra), mas ainda 140bps abaixo do mesmo período do ano passado. O segmento de oncologia teve um crescimento de 24% ano contra ano, atingindo 8,4% da receita bruta.

Aquisição da SulAmérica

Em um movimento surpreendente, a Rede D’Or e a SulAmérica anunciaram em fevereiro acordo no qual a Rede D’Or adquire a SulAmérica em uma transação de ações com um prêmio de 49%.

O negócio é bastante surpreendente, pois a Rede D’Or parecia certa de que não queria entrar no negócio de seguros de saúde e competir com seus pagadores.

O negócio, se aprovado, torna a Rede D’Or uma força ainda maior no setor de saúde brasileiro, com atuação em quase todos os segmentos, e pode gerar sinergias e ganhos de eficiência significativos.

Com isso, segundo o Safra, a companhia é a principal escolha no lado do crescimento da cobertura, enquanto SULA11 é a principal escolha no lado do valor.

Detalhes da negociação

A Rede D’Or deverá incorporar a SulAmérica em uma transação all-share, emitindo 307,8 milhões de ações em favor dos atuais acionistas da SulAmérica.

A relação foi estabelecida com base nos preços de fechamento de ambas as ações em 18 de fevereiro, acrescidos de um prêmio de 49,3%, atribuindo para SULA11 um preço de R$ 38,15/unit no preço de fechamento (e R$ 42,32 de acordo com o preço de fechamento de ontem; o preço-alvo do Safra é de R$ 40).

Para o Safra, esse prêmio é o suficiente para garantir que os acionistas minoritários da SulAmérica se unam à família controladora, que detém 27% de participação, para aprovar o negócio. Os acionistas da SULA deverão ter uma participação de 13,5% na RDOR se o negócio for aprovado nos termos propostos.

O negócio precisa ser aprovado pelos acionistas das duas empresas em Assembleias Gerais de Acionistas ainda não convocadas.

O negócio foi uma surpresa parao mercado, já que a Rede D’Or se manifestou bastante nos últimos anos dizendo que não entraria no negócio de assinatura de planos de saúde. Para começar, havia o relacionamento com seus clientes que não valia a pena comprometer.

Em segundo lugar, o core business da empresa não era a precificação do prêmio de seguro, que envolve riscos completamente diferentes. Além disso, ativos relevantes e de alta qualidade não pareciam disponíveis no passado.

Agora, além da oportunidade criada pela disposição dos acionistas controladores da SULA em negociar, para o Safra, a relevância nacional da RDOR com hospitais de renome e grande escala de operação pode terfeito a Rede D’Or entrar neste negócio com menos medo de sofrer represálias de seus parceiros.

Segundo o Safra, a Rede D’Or é de longe a maior rede hospitalar do Brasil, tendo também outros serviços de saúde como diagnósticos, oncologia, enquanto a SulAmérica é a 2ª maior operadora de planos de saúde do Brasil em faturamento.

Ambas as empresas possuem alto grau de sobreposição, o que é desejável em uma transação envolvendo negócios complementares, com concentração na região Sudeste, mas ambas em expansão para novas geografias. O negócio deve trazer diversos benefícios para a entidade combinada, como:

  • Economia nas despesas de SG&A;
  • Maior integração comercial, que poderia contribuir para acelerar as curvas de maturação de ambos os players em novas regiões;
  • Maior capacidade de inteligência de negócios e análise de dados, o que pode levar a melhores preços para novos planos;
  • Deverá liberar significativo capital regulatório, pois a NewCo poderá utilizar os hospitais da RDOR como ativos de garantia; entre outras potenciais sinergias e ganhos de eficiência.

Vale a pena investir em RDOR3?

  • Maior operadora de hospitais privados do Brasil;
  • Bastante espaço para crescimento acelerado nos próximos anos;
  • Plano de negócios detalhado e forte histórico de execução ajudam a mitigar riscos;
  • Parceiro fundamental para seguradoras, um forte poder de barganha;
  • Modelos de pagamento alternativos não parecem ser ameaça;
  • Opcionalidades potenciais de negócios auxiliares;
  • Muitos concorrentes não são eficientes e podem se tornar alvos fáceis; e
  • Expansão da margem em aquisições anteriores é boa indicação de eficiência.

Quais são os principais riscos de RDOR3?

  • Saturação do mercado endereçável no longo prazo;
  • Execução no seu crescimento orgânico ou M&A; e
  • Concentração excessiva em poucos pagadores.

Sobre a Rede D’Or (RDOR3)

A Rede D’Or (RDOR3) é a maior prestadora de serviços de saúde do Brasil, operando 54 hospitais, 49 clínicas de oncologia, 11 laboratórios de diagnóstico e 56 unidades de diálise. Atua em 8 estados e no Distrito Federal e está se expandindo rapidamente para novas regiões, além de consolidar sua atuação nas regiões em que já está presente.

A empresa foi fundada em 1977 pelo Dr. Jorge Moll, cardiologista carioca, inicialmente como uma empresa de diagnósticos. Em 1998, o Dr. Moll percebeu uma oportunidade maior no negócio de hospitais, ao adquirir um prédio que foi transformado no Barra D’Or, o primeiro hospital da empresa.

A empresa concluiu seu IPO em dezembro de 2020, captando R$ 8,4 bilhões na oferta primária e totalizando R$ 11,4 bilhões incluindo a oferta secundária. Em maio de 2021, a empresa concluiu uma oferta complementar, na qual 25 milhões novas ações foram emitidas e 43,82 milhões de ações foram vendidas de seus acionistas controladores.

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