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Retomada do emprego pode esbarrar na fraqueza da economia

Dados mais recentes vieram melhores do que o esperado, mas indicam uma redução da produtividade do trabalho

Pessoas em movimento andando pela Avenida Paulista, em São Paulo, alusivo ao emprego

Baixa produtividade tende a criar saciedade pelo trabalho, levando a um desaquecimento da demanda por esse fator, o que sugere menor crescimento da ocupação nos trimestres à frente | Foto: Getty Images

Os dados de emprego de maio indicam melhora do mercado de trabalho. Relatório do panorama econômico brasileiro destaca que a taxa de desemprego no trimestre finalizado em maio foi de 9,8%, número abaixo do esperado pela instituição e pelo mercado (10,3% e 10,2%, respectivamente).

A queda da taxa foi vista também nos dados com ajuste sazonal, com o desemprego situando-se em 9,6%, o menor número desde o último trimestre de 2015.

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Conforme a análise, o desemprego caiu com o aumento da entrada de um milhão de pessoas na força de trabalho. Isso porque o aumento da ocupação chegou a 1,7 milhão de pessoas.

Dessa forma, a taxa de participação – porcentagem de pessoas em idade de trabalhar que estão na força de trabalho – praticamente voltou para sua média histórica de 63%.

Houve aumento da ocupação formal e informal em maio. Esse aumento foi de 800 e 900 mil posições respectivamente, na série ajustada sazonalmente.

A categoria “Alojamento e Alimentação” por si só adicionou 170 mil postos de trabalho segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), com crescimento de 3,2% ante o mês anterior. O setor de “Comércio” respondeu pela criação de 350 mil vagas (1,9% mês-contra-mês).

O aumento do emprego formal inferido pela pesquisa foi significantemente maior do que o registrado no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que indicou o aumento de 277 mil postos de trabalho ocupados em maio.

O valor, que independente da aparente discrepância com a Pnad, é vigoroso e acima do esperado pelo Safra e pelo consenso do mercado (200 mil e 180 mil, respectivamente).

O rendimento médio do trabalho ficou estável, apesar da inflação, e a massa salarial cresceu. Nos dados dessazonalizados, o rendimento real médio habitual da população ocupada ficou praticamente estável, em R$ 2.601 (de R$ 2.602 anteriormente).

O patamar ainda se encontra entre as mínimas da série histórica, estando 7,7% abaixo do período pré-pandemia (dez/2019). Porém, o aumento da população ocupada permitiu a continuidade da recuperação da massa salarial, que atingiu R$ 251 bilhões, também na série com ajuste sazonal.

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Apesar do crescimento de 2,1% a preços constantes no mês, essa massa ainda se encontra 3,3% abaixo do nível de dezembro de 2019.

Como pontuado pelo Safra, o crescimento do emprego não tem sido acompanhado pelo do PIB, o que implica em queda da produtividade do trabalho e sugere uma possível saturação do mercado no próximo ano.

O crescimento da população ocupada tende a acompanhar o PIB. Na pandemia, houve uma queda maior da ocupação do que do PIB, e uma recuperação mais rápida deste do que da ocupação ao longo de 2021.

Essa dinâmica se alterou com a redução das restrições à mobilidade e a gradual recuperação do setor de serviços, que tem sido responsável pelo aumento da ocupação mais recentemente.

No primeiro trimestre desse ano, a relação emprego/PIB já voltou ao patamar pré-pandemia, e deve continuar a cair no resto do ano.

A baixa produtividade tende a criar saciedade pelo trabalho, levando a um desaquecimento da demanda por esse fator, o que sugere menor crescimento da ocupação nos trimestres à frente se a atividade econômica não se aquecer até lá.

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