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Como o cenário internacional deve afetar os indicadores econômicos

Especialistas analisam os desdobramentos do conflito na Ucrânia e os efeitos da alta dos juros no Brasil na atividade e nos investimentos

Eduardo Yuki, economista do banco, e Jorge Sá, estrategista de investimentos, debatem o cenário em transmissão ao vivo pelo canal do Safra no YouTube

O momento econômico exige serenidade dos investidores, tendo em vista o elevado grau de incerteza e de volatilidade dos preços dos ativos.  Este foi o principal destaque da análise do cenário da economia brasileira e mundial apresentado por Eduardo Yuki, economista do Banco Safra, e Jorge Sá, estrategista de investimentos.

Em apresentação ao vivo (confira o vídeo), os dois comentaram o conflito na Ucrânia, a inflação global e a análise do Banco Central do Brasil destacada na ata da reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) que elevou a taxa básica de juros para 11,75% ao ano. A ata foi divulgada nesta terça-feira, 22.

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Segundo os economistas, a inflação global tende a subir muito nos próximos meses, especialmente na Zona do Euro, Alemanha e Itália, devido às dificuldades de oferta de energia decorrentes da guerra na Ucrânia.

“A Alemanha é muito dependente do gás da Rússia, e qualquer problema mais grave decorrente do conflito afeta imediatamente a economia alemã”.

Atualmente a Rússia produz 12 milhões de barris de petróleo, e exporta metade da produção, sendo cerca de 4 milhões de barris diários para a China. O mercado mundial é de cerca de 100 milhões, e os países do Ocidente negociam com o Irã e até com a Venezuela para retomar as importações e atenuar o impacto do agravamento do conflito.

“Se a Rússia deixar de fato de exportar, o incremento de outros produtores seria importante para garantir o equilíbrio do mercado”, afirma Eduardo Yuki.

Sobre o surgimento de novos focos de covid na China, e o contexto da política de tolerância zero contra o vírus, Yuki vê risco de o PIB da China ficar abaixo dos 5,5% estabelecidos como meta pelo governo chinês, por causa das medidas de restrição à circulação adotadas nas últimas semanas.

Jorge Sá explicou que no contexto atual o Safra reduziu a exposição do portfólio aos ativos de maior risco. Sobre a ata do Copom, que elevou os juros para 11,75% ao ano, Yuki destaca pontos importantes na ata da reunião sobre o futuro na política monetária no brasil.

“O Banco Central traçou dois cenários, o primeiro de preço de US$ 118 o barril de petróleo, que é o cenário considerado de referência. O segundo cenário indica queda de preço do petróleo para US$ 100, que levaria a inflação para baixo do centro da meta”, comenta Yuki, elogiando a atitude do Copom de reconhecer o grau elevado de incerteza no cenário.

Considerando o segundo cenário mais provável, o Banco Central indica que os juros vão para 12,75% ao ano, com mais uma alta na próxima reunião, e ao mesmo tempo indica que a taxa vai ficar nesse nível por mais tempo, para garantir a convergência da inflação para a meta.

Alta dos juros e efeitos nos indicadores econômicos

Considerando o aumento de 1 ponto base na próxima reunião, o Safra fez ligeiros ajustes do seu cenário, alterando a projeção de juros de 12,75% ao ano até dezembro, depois das eleições.

“Com juros de 12,75%, não dá para esperar crescimento, pois é uma taxa bastante restritiva, o que leva o crescimento do PIB para 0,2% este ano, e menos de 1% no ano que vem”.

Ele lembra que o Brasil já está há quatro meses sem criação de vagas de trabalho e sem melhora da atividade econômica. “A taxa de juros deve começar a ser cortada apenas no fim deste ano, para garantir crescimento de 1% no ano que vem”, afirma.

“A atividade econômica continua de lado, acomodando. Desde março do ano passado não temos nenhuma indicação de melhora. E a política monetária ainda não fez pleno efeito sobre a atividade econômica, o que nos leva a crer que haverá queda da atividade nos próximos trimestres”.

Ele destacou que a alta dos juros anula os efeitos das medidas de estímulo à economia anunciados recentemente pelo governo, como a antecipação do 13° dos aposentados e pensionistas e outros incentivos ao consumo.

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