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Presidente do Federal Reserve admite alta maior dos juros

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, não descrta aperto monetário mais rápido, caso seja necessário para conter a inflação

Ruas de NY

Na semana passada, o Federal Reserve elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, à faixa entre 0,25% e 0,50% | Foto: Getty Images

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, não descartou nesta segunda-feira, 21, um cenário de aperto monetário mais rápido do que o atual, caso um prolongado período de escalada de preços nos Estados Unidos impulsione as expectativas de inflação para um nível insustentável. Na semana passada, o BC da maior economia do planeta elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, à faixa entre 0,25% e 0,50%.

“Se concluirmos que é apropriado agir de forma mais agressiva, elevando a taxa dos Fed Funds em mais de 25 pontos-base em uma reunião ou reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto, FOMC, o faremos”, afirmou Powell, durante evento organizado pela associação Nacional de Economia para Empresas (Nabe, na sigla em inglês).

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Powell também disse “há um clara necessidade” de retornar a política monetária a uma postura mais “neutra”, ou até “mais restritiva”, se necessário para assegurar a estabilidade de preços. “Estamos comprometidos em restaurar a estabilidade de preços, preservando um mercado de trabalho forte”, destacou.

Federal Reserve alerta para efeitos da guerra na Ucrânia

O presidente do Federal Reserve afirmou ainda que o conflito decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia deve ter impacto significativo na economia global. “A magnitude e a persistência desses efeitos permanecem altamente incertos e dependem de eventos que ainda ocorrerão”, disse.

Powell lembra que os dois países envolvidos na guerra são grandes produtores de commodities. Para ele, além dos efeitos diretos da escalada dos preços de petróleo e outros produtos, o confronto bélico deve restringir a atividade econômica internacional e exacerbar os problemas nas cadeias produtivas, com efeitos para os Estados Unidos.

O banqueiro central entende que a maior economia do planeta está mais bem posicionada para lidar com um choque de petróleo atualmente do que em episódios semelhantes anteriores. “Em termos líquidos, os choques do petróleo tendem a pesar na produção da economia dos EUA, mas muito menos do que na década de 1970”, disse, acrescentando que o movimento pode reduzir rendas de famílias e, assim, a demanda.

Powell disse não ver risco alto de recessão nos Estados Unidos em decorrência da normalização da política monetária. “Não vejo razão para pensar que a probabilidade de uma recessão no próximo ano seja elevada”, afirmou, durante evento organizado pela Associação Nacional de Economia para Empresas (Nabe, na sigla em inglês).

Ele explicou que, além de a inflação estar alta, o mercado de trabalho nos EUA está muito forte. Segundo ele, há desequilíbrios entre oferta e demanda de trabalhadores nos EUA, em parte causados pela possível elevação “temporária” da taxa natural de desemprego.

“Por muitas medidas, o mercado de trabalho está extremamente apertado, significativamente mais apertado do que o mercado de trabalho muito forte de pouco antes da pandemia”, pontuou o dirigente, acrescentando que é difícil saber se a economia retornará ao padrão de antes do coronavírus.

Para ele, uma recuperação mais completa do emprego, com força de trabalho mais forte, deve demorar algum tempo. “Nossas ferramentas de política monetária não podem ajudar na oferta de mão de obra no curto prazo, mas em uma longa expansão, os fatores que retêm a oferta provavelmente diminuirão”, projetou, comprometendo-se a usar os instrumentos necessários para reduzir a demanda. (AE)

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