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Entenda o que é resiliência financeira e como ela pode melhorar sua vida

Conceito de resiliência financeira refere-se à capacidade de lidar com despesas de emergências e senso e gerenciamento de endividamento

Resiliência financeira

Pesquisadores estudam a capacidade das pessoas de gerenciar necessidades financeiras, planejar investimentos e fazer a gestão de riscos e caixa | Foto: Getty Images

A pandemia global do covid-19 trouxe inúmeros desafios e em diferentes níveis, e muita gente de defrontou com situações ameaçadoras, imprevisíveis e instáveis. No que diz respeito à economia, a importância da chamada resiliência financeira foi reforçada. Você sabe o que significa o conceito de resiliência financeira?

Basicamente, o termo refere-se à capacidade da pessoa ou da empresa de enfrentar as más condições econômicas e os possíveis impactos negativos na vida de cada indivíduo. E quais são os comportamentos que estão relacionados a este conceito? Confira a seguir algumas das respostas para essas questões, incluindo alguns comportamentos financeiros considerados resilientes.

Saiba mais

Em 2021, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório sobre como apoiar a resiliência e a transformação financeira por meio da alfabetização financeira digital (“Report on Supporting Financial Resilience and Transformation through Digital Financial Literacy).

O objetivo do trabalho foi o de discutir o conceito de resiliência financeira e sua relação com a inclusão, a educação e o bem-estar financeiro. Em definição proposta no relatório, em um nível micro, resiliência financeira compreende a “capacidade de indivíduos ou famílias de resistir, lidar e se recuperar de choques financeiros negativos”, sendo que esses choques podem resultar de diversos eventos inesperados e em diferentes dimensões da vida, como, por exemplo, relacionados a saúde, trabalho e mudanças repentinas.

Enquanto prática na esfera individual, de acordo com o relatório da OCDE, a resiliência financeira está associada com a disponibilidade de recursos adequados e a capacidade de mobilizá-los de forma habilidosa para o enfrentamento de situações que envolvam um choque financeiro negativo.

Em um dos exemplos citados, consta a importância de ter renda e poupança suficientes, para além das despesas de custo de vida e planos a longo prazo, sendo necessário possuir a perspectiva de enfrentamento de acontecimentos inesperados e de emergências.

Outros exemplos consistem na utilização de crédito ponderadamente e a capacidade de evitar perda de recursos financeiros em fraudes, isto é, gerenciamento de recursos financeiro de modo seguro. Cabe destacar que, para uma efetiva resiliência financeira é necessário dispor de recursos que dependem e estão intrinsecamente relacionados com habilidades e níveis de conhecimento em educação e inclusão financeira.

Em resumo, comportamentos financeiramente resilientes estão relacionados, deste modo, com habilidades de manejo eficiente associadas ao orçamento, poupança, uso seguro do crédito e desenvolvimento de estratégias inteligentes para gerenciar riscos.

A falta de resiliência financeira pode implicar em uma série de consequências, dentre elas, podemos citar os impactos na saúde mental. Além disso, a resiliência financeira de indivíduos e famílias, quando pensada coletivamente, pode contribuir para a resiliência econômica de um país e para o desenvolvimento econômico geral.

Relatório detalha características da resiliência financeira

No relatório Financial Resilience in America, produzido pelos pesquisadores Deevy, Streeter, Hasler e Lusardi, são consideras três categorias importantes relacionadas a resiliência financeira, a saber: “recursos financeiros, recursos sociais e comunitários (por exemplo, amigos, suporte social) e recursos pessoais (por exemplo, habilidades para buscar informações)”.

Os autores reforçam que embora a resiliência financeira esteja fortemente relacionada a recursos financeiros, esta não depende apenas deste tipo de recurso, mas também das atitudes relacionadas às práticas de gestão de dinheiro, bem como gestão dos compromissos de dívidas.

Além disso, os pesquisadores também observaram fatores como a capacidade de lidar com despesas de emergências, senso e gerenciamento de endividamento, reservas de poupança preventiva, gerenciamento de receita e fluxo de caixa, proteção contra riscos e educação financeira correlatos à resiliência financeira.

Complementando, Setyorini, Indiworo e Sutrisno, no artigo “O Papel da Alfabetização Financeira e do Planejamento Financeiro para Aumentar a Resiliência Financeira: Comportamento Familiar como Variável Mediadora” (The Role Financial Literacy and Financial Planning to Increase Financial Resilience: Household Behaviour as Mediating Variable), pontuam que a resiliência financeira é a capacidade de se recuperar mais rapidamente, sendo moldada por cinco capacidades: robustez, capacidade de antecipação, consciência, flexibilidade e capacidade de recuperação.

Além disso, o planejamento financeiro também é abordado como uma peça fundamental, sendo visto como um comportamento complexo e multidimensional, em que tal processo desenvolve e constrói progressivamente a capacidade de uma pessoa para gerenciar necessidades financeiras, como, por exemplo, planejamento de investimentos e gestão de riscos e caixa.

Você deve estar se perguntando qual seria a sua relação com a resiliência financeira, certo? De acordo com os autores, o planejamento financeiro pode proporcionar o conforto do indivíduo frente a condições desfavoráveis, uma vez que este processo pode ajudar as pessoas a controlar melhor sua condição financeira.

Principais práticas que fortalecem a resiliência financeira

A partir dos artigos apresentados, podemos considerar resumidamente que entre as principais práticas que promovem o desenvolvimento da resiliência financeira, estão:

  • Acompanhar os fluxos de dinheiro, como planejar e registrar despesas;
  • Manter um orçamento em que se garanta uma receita que cubra os gastos, ou que seja maior que a despesa;
  • Planejar e poupar para emergências ou para o longo prazo;
  • Possuir bom conhecimento sobre os produtos de crédito com a finalidade de atender às necessidades;
  • Enfrentar as dificuldades financeiras e o superendividamento, e;
  • Pesquisar e ponderar antes de comprar produtos financeiros.

Referências:

  1. OECD (2021), G20/OECD-INFE. Report on supporting financial resilience and transformation through digital financial literacy. Disponível em: https://www.oecd.org/daf/fin/financial-education/G20-OECD-INFE-report-supporting-resilience-through-digital-financial-literacy.pdf
  2. Deevy, M., Streeter, J., Hasler, A., Lusardi, A., Financial Resilience in America, 2021. Disponível em: https://gflec.org/wp-content/uploads/2021/08/Financial-Resilience-in-America-Report-August-2021.pdf?x53868.
  3. Setyorini, N., Indiworo, E. H. R., Sutrisno. The Role Financial Literacy and Financial Planning to Increase Financial Resilience: Household Behaviour as Mediating Variable. Media Ekonomi dan Manajemen, Volume 36 Issue 2, July 2021, 243-255.

Fonte: CVM/Portal Gov.br

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