Inflação em queda reforça cenário de queda de juros em 2024

O relatório de macroeconomia do Banco Safra destaca que o IPCA de novembro registrou variação de 0,28% na comparação mensal. O resultado veio em linha com a projeção do Safra e com o consenso de mercado, ambos em 0,29%. No acumulado em 12 meses, a inflação voltou a ficar dentro das bandas de flutuação da meta (intervalo entre 1,75% e 4,75%) ao ceder de 4,82% para 4,68%.

A abertura do indicador seguiu mostrando um cenário inflacionário benigno, exemplificado pelo expressivo alívio na inflação de bens industriais. Alguns itens apresentaram deflação, como é típico no mês das campanhas de descontos do Black Friday. Destacaram-se os grupos vestuário e artigos de residência, com queda mais intensa do que a prevista. Por outro lado, produtos de higiene pessoal, frequentemente muito descontados nessa época, caíram menos do que previsto, o que deve diminuir um eventual aumento de preço desse grupo em dezembro.

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A inflação no setor de serviços está contida e compatível com a desinflação almejada, permitindo que os núcleos de inflação continuem rodando em patamar baixo, segundo a avaliação do Banco Safra. O bom comportamento da inflação se reflete também na queda da difusão dos aumentos, isto é, da proporção dos itens no índice que registram altas. Alguns índices de difusão já estão cedendo para níveis inferiores aos registrados ao mais recente período de desinflação persistente, o triênio 2017-2019 (Gráfico 1).

O IPCA de dezembro deverá ter alta próxima de 0,40% m/m, valor abaixo da média para esse mês. Se confirmado o resultado, o IPCA fecharia o ano em 4,5%, informa o relatório do Safra.

A moderação inflacionária de 2023 acarreta menores reajustes de alguns preços administrados em 2024, como tarifas de energia elétrica, de água e esgoto, de medicamentos e de plano de saúde. Aluguéis, apesar de historicamente serem reajustados pelo IGP-M, têm seguido com alguma frequência o IPCA, também se beneficiando da menor variação prevista desse índice em 2023.

Banco Safra reduz projeção para o câmbio

A estabilidade da taxa de câmbio também deve ajudar a inflação em 2024. O Safra reduziu a projeção do câmbio ao final de 2024 em 20 centavos, apontando agora para R$ 4,80/US$. O câmbio mais favorável diminui a pressão nos reajustes de preços de combustíveis, de alimentos e de bens industriais projetados.

A meteorologia, por outro lado, tem se constituído em risco altista para a inflação no próximo ano. A menor colheita de milho e soja em 2024 pode elevar os custos da pecuária, com repasse aos preços cobrados ao consumidor.

Esse cenário deve ganhar importância caso o evento El Niño se revele mais intenso ao longo do 1T23. Por enquanto, a meteorologia causou estragos fortes na semeadura da soja no Mato Grosso, com possíveis reflexos sobre a segunda safra em 2024, mas favoreceu a produção no Paraná e ratificou uma recuperação em relação a 2023 no Rio Grande do Sul, significando uma queda prevista pequena na soja e uma reversão da produção de milho para valores próximos aos observados em 2022. Assim, por ora, o Safra informa ter incorporado um impacto altista da meteorologia apenas moderado na inflação de alimentos.

Cenário de inflação benigna favorece mais cortes de juros pelo Copom

O Safra conclui: “Em suma, os últimos resultados do IPCA reforçam o cenário de uma inflação benigna, o que, aliado a uma taxa de câmbio favorável, deve significar reajustes de preços administrados e de bens industriais bem moderados em 2024, apontando para uma variação do IPCA de 3,5% no próximo ano. O risco ao cenário vem principalmente da meteorologia e seu impacto sobre a inflação de alimentos, o que pode elevar a nossa projeção em cerca de 20 pontos-base nos cenários mais desfavoráveis”.

Íntegra do relatório semanal de macroeconomia do Banco Safra.

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