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Tesouro Direto tem maior volume de resgate em duas décadas

Volume resgatado do Tesouro Direto por investidores em janeiro chegou a R$ 4,8 bilhões, o maior desde o lançamento do programa em 2002

Cofre de banco

O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 105,7 bilhões em janeiro, com alta de 30,6% em relação ao ano passado | Foto: Getty Images

Os resgates de títulos do Tesouro Direto superaram os investimentos em compra de títulos em R$ 447,7 milhões em janeiro deste ano. Segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional, as vendas de títulos atingiram R$ 4,368 bilhões, e os resgates totalizaram R$ 4,816 bilhões, dos quais, R$ 2,234 bilhões relativos a recompras de títulos públicos e R$ 2,581 bilhões a resgates por vencimentos, quando o prazo do título acaba, e o governo precisa reembolsar o investidor com juros.

Os títulos mais procurados pelos investidores foram os corrigidos pela Selic, taxa básica de juros, que corresponderam a 64,1% do total. Papéis vinculados à inflação tiveram participação de 22,4% nas vendas, enquanto os prefixados, com juros definidos no momento da emissão, representaram 13,5%.

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O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 105,7 bilhões no fim de janeiro, com aumento de 0,5% na comparação com o mês anterior (R$ 105,1 bilhões) e de 30,6% em relação a janeiro do ano passado (R$ 80,9 bilhões).

Tesouro direto tem mais de 540 mil novos investidores

Quanto ao número de investidores, 540.601 novos participantes cadastraram-se no programa no mês de janeiro de 2023. O número de investidores atingiu 23.023.837, alta de 35,9% nos últimos 12 meses. O total de investidores ativos (com operações em aberto) chegou a 2.096.907, aumento de 14,7% em 12 meses. No mês, o acréscimo foi de 32.289 investidores ativos.

A procura do Tesouro Direto por pequenos investidores pode ser observada pelo considerável número de vendas até R$ 5 mil, que corresponderam a 79,9% do total de 588.080 operações ocorridas em janeiro. Só as aplicações de até R$ 1 mil representaram 56,2%. O valor médio por operação foi de R$ 7.428,40.

Os investidores estão preferindo papéis de médio prazo. As vendas de títulos com prazo de 1 a 5 anos representaram 57,6% e aquelas com prazo de 5 a 10 anos, 30,8% do total. Os papéis de mais de 10 anos de prazo chegaram a 11,6% das vendas.

O balanço completo do Tesouro Direto está disponível na página do Tesouro Nacional na internet.

Programa foi criado há 21 anos

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar a aplicação e permitir que pessoas físicas adquirissem títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional, pela internet, sem intermediação de agentes financeiros. O aplicador só precisa pagar uma taxa para a corretora responsável pela custódia dos títulos. Mais informações podem ser obtidas no site do Tesouro Direto.

A venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, os índices de inflação, o câmbio ou uma taxa definida antecipadamente no caso dos papéis prefixados.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital, o resgate líquido de títulos públicos em janeiro foi o maior da série histórica. Segundo ele, o maior até então foi registrado em março de 2021, quando totalizou em R$ 204,6 bilhões.

Já o resgate bruto foi o segundo maior, atrás apenas de abril de 2021. Vital ainda declarou que janeiro registrou a maior torre de vencimentos previstos para 2023. Ele ainda destacou que a parcela da dívida pública de títulos prefixados, atualmente em 23,47%, é a menor desde novembro de 2005.

“Só teremos vencimentos relevantes de prefixados agora em julho de 2023. A parcela de papéis de Selic na dívida pública federal é a maior desde abril de 2006. Já o aumento de não residentes em janeiro é explicado por cenário benigno”, disse. Já a reserva de liquidez, que está em R$ 953,39 bilhões, é o menor desde fevereiro de 2021. Segundo Vital, o colchão pode sofrer alterações grandes em função de torres de vencimento.

A reserva de liquidez é de 7,62 meses de vencimentos da dívida pública e o mínimo prudencial é de três meses. O Tesouro tem conforto para calibrar as emissões mensais com as condições de mercado”, declarou.

Vital disse que janeiro foi um mês positivo para o mercado externo, com apetite de risco. “Os investidores passaram a reavaliar as expectativas sobre a política monetária dos Estados Unidos, com um cenário mais benigno. Por outro lado, a percepção de risco de emergentes esteve em queda, incluindo o Brasil”, disse.

Vital declarou que no País houve bastante ruído, com noticiário doméstico intenso sobre política monetária e inflação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao Banco Central, ao patamar de juros e sobre o regime de metas para a inflação. Com isso, as taxas médias subiram mais em prazos mais longos.

Diante da volatilidade em janeiro, as emissões de títulos do Tesouro Nacional foram 30% menores que em janeiro de 2022, mas na média do ano passado.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional disse que em fevereiro foram registrados dados mais fortes de inflação, emprego e atividade no Estados Unidos. “Os dirigentes do Federal Reserve fizeram discursos mais duros sobre aperto monetário. O noticiário doméstico continuou intenso em fevereiro, com elevação na inclinação da curva”, declarou. (Com Agência brasil e AE)

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